quarta-feira, 27 de junho de 2012

A trindade e a obra do Espírito Santo


Na doutrina da trindade, encontramos uma das doutrinas que de fato distinguem o cristianismo. Entre as religiões do mundo, a fé cristã é a alegar que Deus é um, mas que, ao mesmo tempo são três pessoas, cada uma com a sua personalidade. No entanto não conseguimos ver com tanta clareza essa doutrina nas sagradas escrituras.

A unidade de Deus

 A religião dos antigos hebreus era uma fé rigorosamente monoteísta, pois naquela época existiam muitos deuses. Os hebreus diferentes dos outros povos não renderam adoração apenas a um único Deus formando assim a fé monoteísta (Adorar um único ser).
A unidade de Deus foi revelada para os hebreus em muitas ocasiões e de diferentes maneiras. Os Dez Mandamentos, por exemplo, começaram com a declaração: ”Eu sou o SENHOR, teu Deus, que tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.2,3).
O ensino a respeito da de Deus não se restringe apenas no Antigo Testamento nos vemos Jesus falar a respeito (Testemunho de Jesus sobre Deus, o Pai: Mt. 6:26, 30; 19:23-26; 27:46; Mc. 12:17, 24-27.). Não só Jesus fala a respeito, mas também Deus (Testemunho de Deus sobre Jesus, Deus Filho: Sl. 45:6; 102:25; 110:1; Fp. 2:5-11; Hb. um.), e o Espírito Santo (Testemunho do Espírito Santo como Deus: MT. 28:19; Jo. 3:8; 16:8-11; At.5:3, 4; 1Co.3:16,17; 12:4-11.).
A crença no único Deus, embora observe que isso é insuficiente para a justificação. Paulo escreve quando discorre sobre a ingestão de carne oferecida a ídolos Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só” (1Co 8. 4-6). Aqui, Paulo, a semelha a lei mosaica, exclui a idolatria, baseado no fato de existir um só Deus. Tiago meu também escreve falando da crença do único Deus que até os demônios se estremecem.

A deidade de Deus

Todos esses indícios, tomados por si, com certeza nos levariam a uma crença monoteísta. Que motivo, nesse caso, levou a igreja a ir alem dessas indicações? Foi o testemunho bíblico complementar de que três pessoas com personalidades “diferentes” são um único Deus.

Formulações Históricas

Durante os dois primeiros séculos depois de Cristo, houve pouco esforço consciente de lutar com as questões teológicas e filosóficas do que hoje entendemos por doutrina da trindade. Pensadores com Justino e Taciano destacaram a unidade da essência entre a Palavra e o Pai, usando a figura da impossibilidade de separar a luz da sua fonte, o sol. Dessa forma, ilustram que, embora a Palavra e o Pai sejam distintos, não podem ser divididos ou separados.

O monarquismo dinâmico

No final do século II e no século III, houve duas tentativas de elaborar uma definição precisa do relacionamento entre Cristo e Deus. As duas concepções são tratadas por monarquismo, uma vez que destacam a singularidade e a unidade de Deus, mas apenas a última reivindicou essa designação para si. O monarquismo dinâmico sustentava que Deus estava dinamicamente na vida de Jesus  “homem”. Havia uma obra ou força de Deus que atuava sobre, em ou por meio de Jesus homem, mas não havia uma presença real de Deus nele.
O monarquista Teódoto, asseverava que, antes do batismo, Jesus era um homem comum, embora completamente virtuoso.  Essa idéia de monarquismo dinâmico nunca chegaram a se difundir.

O monarquismo modalista

Em contraste, o monarquismo modalista era um ensino popular, muito difundido. Enquanto o monarquismo dinâmico parecia negar a doutrina da Trindade, o modalismo parecia negar a doutrina da Trindade, o modalismo parecia afirmá-la. Ambas as variedades do monarquismo desejavam preservar a doutrina da unidade de Deus. O modalismo porém, também se devota profundamente à plena divindade de Jesus.

A formulação ortodoxa

A doutrina da Trindade foi enunciada em uma série de debate e concílios, em geral parte, causada pelas partes da controvérsias provocadas por movimentos tais como monarquismo e o arianismo. Foi Concílio de Constantinopla (381)  que emergiu uma formulação definitiva em que a igreja explicitou as crenças que estavam implícitas. A concepção que prevaleceu foi basicamente a de Atanásio (293-373), conforme a elaborada e aperfeiçoada pelos teólogos capadócios.
Os capadócios Basílio, Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa. Tentaram expor os conceitos da substancia comum das pessoas múltiplas distintas usando a analogia de um universal e seus particulares as pessoas da Trindade estão para a substância divina, assim como os homens estão para o homem universal (ou a humanidade). 
 É evidente que a fórmula ortodoxa defende a doutrina da Trindade contra o perigo do modalismo.  Mas será que o fez à custa de cair no erro oposto—o  triterismo? Na superfície, o perigo parece considerável. Dois pontos foram, no entanto, levantados  para resguardar a doutrina da Trindade do triteismo.
 Em primeiro lugar, observou-se que se pudermos encontrar uma única atividade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o qual, de maneira nenhuma, seja diferente em alguma das três pessoas, precisamos concluir que existe o envolvimento de apenas uma substância idêntica. A revelação origina-se no Pai, procede por meio do Filho e é completada no Espírito. Também insistiam na indivisibilidade da substância divina.
 Em segundo lugar, houve uma instancia na concretitude e na indivisibilidade da substância divina. Muito da critica contra a doutrina da capadócia da Trindade centrava-se na analogia de um universal que se manifesta em particulares. Para evitar a conclusão de que há uma multiplicidade de deuses dentro da Deidade, assim como há multiplicidade de seres humanos Gregório de Nissa afirmou que, no sentido estriro, não devemos falar de uma multiplicidade de seres humanos, mas de uma multiplicidade de um ser humano.  
Elementos essenciais de uma doutrina da Trindade
1) Deus é um e não vários;
2) A deidade das três pessoas deve ser salientada; quanto à qualidade são iguais, divinos da mesma forma e medida;
3) A Trindade é eterna;
4) Deus é um, mas também três;
5) Há subordinação apenas e por vezes na função de um dos membros da Trindade em relação a um ou aos dois membros; mas não há inferioridade em essência;
6) A Trindade é incompreensível.

A busca de analogias

O problema na formulação de um enunciado da doutrina da Trindade não se limita à compreensão de sua terminologia. Isso já é bem penoso; por exemplo, é difícil saber o que “pessoa” significa nesse contexto. A inda mais difícil é compreender as relações internas entre os membros da Trindade. A mente humana às vezes procura analogias para ajudá-lo nesse intento. No nível popular, costuma-se utilizar analogias retiradas da natureza física.
Mas, as inúmeras analogias e ilustrações tendem em erros como o “Triteísmo” ou “Modalistas” em suas implicações. Agostinho, a psicologia e outros, embora brilhantes, suas analogias também se mostraram insuficientes. Para resolver esse mistério e necessário levar em consideração o dito de Augustus Strong – “inescrutável”. Portanto, para todos os fins devemos adorar, orar e cultuar as três pessoas da Trindade e se apegar ao que já foi dito por alguém:
“Tente explicá-la, e perderá a cabeça;
Mas tente negá-la, e perderá a alma”.
A Pessoa do Espírito Santo

A importância da doutrina do Espírito Santo

Há vários motivos pelos quais o estudo do Espírito Santo é especialmente significativo para nós. Um deles é que o Espírito Santo é o ponto em que a Trindade torna-se pessoal para o que crê.

Dificuldades na compreensão do Espírito Santo

Embora o estudo do Espírito Santo seja especialmente importante, nossa compreensão é em geral mais incompleta e confusão nesse ponto que na maioria das outras doutrinas. Um dos motivos para isso é que temos na Bíblia menos revelações explicitas acerca do Espírito Santo consiste em proclamar e glorificar o Filho (Jo 16.14). Em contraste com outras doutrinas, não há discussões sistemáticas acerca do Espírito Santo. Na prática a única discussão ampla é o discurso de Jesus em João 14—16. Na maior parte das ocasiões em que o Espírito Santo é mencionado, ele está relacionado a outro assunto. Para complicar, há uma terminologia infeliz da King James e de outras traduções inglesas mais antigas que se referem ao Espírito Santo como o “Holy Ghost” (Fantasma Santo) muitas pessoas que cresceram usando essas versões da Bíblia entendem o Espírito Santo como alguma coisa por baixo de um lençol branco.           

A natureza do Espírito Santo

A divindade do Espírito Santo

Agora precisamos examinar de perto a natureza do Espírito Santo. Começamos com sua divindade. A divindade do Espírito Santo não se estabelece com tanta facilidade quanto a do Pai e a do Filho. Existem, porem, algumas bases pelas quais podemos concluir o Espírito Santo é Deus nos moldes e no mesmos moldes e no grau do Pai e do Filho.
Em primeiro lugar, devemos notar que as várias referências ao Espírito Santo são intercambiáveis com referências a Deus. Um exemplo notável é encontrado em Atos 5. Ananias e Safira haviam vendido uma propriedade, e levado aos pés dos apóstolos, mas Ananias mentiu dizendo a respeito da propriedade que teria vendido por um valor só que levou um valor menor então disse Pedro “Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisse ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?” (v.3). No versículo seguinte ele afirma: “Não mentiste aos homens, mas a Deus”. Parece que, na mente de Pedro, “mentir ao Espírito Santo” e “mentir a Deus” eram expressões intercambiáveis. 
Alem disso, o Espírito Santo os atributos ou as qualidades de Deus. Um deles é a onisciência. Paulo escreve em 1Coríntios 2.10-11: “...porque o Espírito a todas as cousas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe cousas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as cousas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus”

A personalidade do Espírito Santo

Além da divindade do Espírito Santo, é importante também notarmos sua personalidade. Não estamos lidando aqui com uma força impessoal. Esse ponto é especialmente importante numa época em que tendências panteístas estão entrando em nossa cultura por influência das religiões orientais. A Bíblia deixa bem claro que o Espírito Santo é uma pessoa e possui todas as qualidades inerentes a isso.
A primeira prova é que Jesus nos da que o Espírito é chamado de ” Espírito da verdade” (Jo.16.13)
 A segunda prova da personalidade do Espírito Santo é que Ele é  chamado de “Consolador” (Jo.15.26)
O Espírito Santo também pode ser afetado como acontece com as pessoas, demonstrando-se passivamente, assim, sua personalidade.  Paulo fala dos pecados de entristecer o Espírito (Ef.4.30) e de apagar o Espírito (1Ts. 5.19).
Todas essas considerações levam a uma conclusão. O Espírito Santo é uma pessoa, não uma força, e tal pessoa é Deus, na mesma dimensão e da mesma forma que o Pai e o Filho.
A Obra do Espírito Santo
A obra do Espírito Santo é de especial interesse para os cristãos, pois é particularmente por seu trabalho que Deus se envolve de forma pessoal e atua na vida do crente.  

A obra do Espírito Santo no Antigo Testamento

Muitas vezes é difícil identificar o Espírito Santo dentro do Antigo Testamento, pois este reflete os primeiros estágios da revelação progressiva. Aliás, o termo “Espírito Santo” é raramente empregado nele. A expressão usual é “ Espírito de Deus”. A maioria das referências do Antigo Testamento à Terceira Pessoa da Trindade consiste nos dois nomes: Espírito e Deus.
Uma das mais proeminentes dessas passagens que faz o paralelo com os dois Testamentos é quando Pedro explica o que tivera acontecido no dia de Pentecostes (At.216—21). Na ocasião Pedro nos leva até o profeta Joel, e diz que foi o cumprimento da profecia “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo” (Jl.2.28). é o mesmo Espírito Santo (At.2:16-21). Vemos, contudo, no Antigo Testamento, sua área de atuação na criação (Gn.1:2); na obra contínua na criação de Deus (Jó.26:13); na transmissão das profecias e das Escrituras (Ez.2:2; cf. Ez.8:3; 11:1,24; 2Pe.1:21); na transmissão de certas habilidades para várias tarefas (Êx.31:3-5); na administração (Jz.6:34).

A obra do Espírito Santo na vida de Jesus

Quando examinamos a vida de Jesus, descobrimos uma presença e atividade maciça e poderosa do Espírito Santo em toda extensão. Mesmo o próprio início de sua existência encarnada foi obra do Espírito Santo. Veja as referencias Bíblicas (Is.7.14; Lc.1.35; Is.42.1—4; 61. 1—2; Lc. 4.17—19; At.10.38; Mc.1.8. etc..)

A obra do Espírito Santo na vida do cristão

No ensinamento de Jesus encontramos uma ênfase especialmente forte na obra do Espírito Santo na introdução das pessoas na vida cristã. Jesus ensinou que a atividade do Espírito é essencial tanto na conversão, que é o início da vida cristã a partir de nossa perspectiva, quanto a regeneração, que é o início, da perspectiva com Deus. A conversão é a volta do homem a Deus, isso consiste em um elemento positivo e negativo: arrependimento, ou seja, abandonar o pecado.
A regeneração e a transformação miraculosa do homem e a instalação da energia espiritual. Jesus deixou bem claro a Nicodemos que a regeneração, que é essencial para sermos aceitos pelo Pai, é um acontecimento sobrenatural, e o Espírito Santo é o agente que produz (Jo.3.5,6).  
“Somos iniciados na vida cristã pela atuação do Espírito em nossa conversão e regeneração”

Os dons do Espírito

Romanos 12.6-8. profecia, ministério,ensino,exortação, contribuição, liderança e misericórdia.

 I Coríntios  12.4-11. sabedoria, conhecimento, fé, cura, operação de milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas e interpretação de línguas.
 Efésios 4.11. apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres.
 I Pedro 4.11. falar e servir.
É também importante neste ponto notar algumas observações feitas por Paulo.
1-      Os dons são concedidos para o corpo, a igreja (12.7;14.5,12)
2-      Nenhuma pessoa, sozinha, possui todos os dons (12.14-21)
3-      Embora não sejam igualmente notáveis, todos os dons são importantes (12.22-26)
4-      O Espírito Santo distribui os vários dons a quem lhe apraz (12.11)

Os dons miraculosos hoje

Também conhecidos como notáveis, especiais, de sinais ou carismáticos, que embora atraiam muita atenção, são também motivo de muitas controvérsias. Ex.: Cura pela fé; exorcismo; glossolália.
A controvérsia é se o Espírito Santo ainda dispensa em nossos dias esses dons a Igreja. Se positivo, cada cristão pode e deve receber e exercer algum deles? Durante os períodos da história, não obstante, a questão do Espírito Santo tenha tido pouca ênfase, surgiram, todavia, alguns movimentos.
1) Os montanistas (Montano) na metade do séc. II;
2) Séc. XX surtos de glossolalia na Carolina do Norte, Topeka e Kansas;
3) Pentecostalismo, sem dúvidas, o mais notável, iniciado por um negro chamado William J. Seymour, em uma antiga igreja metodista na Rua Azuza, 312 Los Angeles. Daí e em especial na Escandinávia e em países do terceiro mundo e na América Latina, o pentecostalismo ganhou força e continua poderosamente até hoje.
O que se conclui é: “Ser cheio do Espírito não é tanto uma questão de obter mais do Espírito, mas de Ele possuir uma fatia maior de nossa vida”.

Implicações Espírito Santo

1-      É o Espírito Santo que nos concede os dons que possuímos;
2-      Ele fortalece-nos na vida e no serviço cristão;
3-      Ele é sábio e soberano ao dispensar seus dons à igreja;
4-      Ninguém possui todos os dons e nenhum dos dons é para todos;
5-      Ele nos dará conhecimento da vontade de Deus e entendimento de sua palavra;
6-      É correto orarmos e agradecermos a Ele por sua obra singular que realiza em nós.

Referências Bibliográficas 

ERICKSON, J. Millard. Introdução à Teologia Sistemática. Ed. Vida Nova. São Paulo, 2007.
Por: Wellington Fernandes Soares

Um comentário:

  1. 1. Para um blog o texto postado foi muito grande, no entanto é um ótimo texto.

    2. A formatação deixou um pouco a desejar, provavelmente não foi seguindo o padrão do próprio tema (o que não exige conhecimentos de design)

    3. O nome do autor foi citado com um espaço muito ruim junto com as referências bibliográficas

    4. A indentação do último tópico não está boa.

    Nota: 6,0

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