Na doutrina da trindade, encontramos uma das
doutrinas que de fato distinguem o cristianismo. Entre as religiões do mundo, a
fé cristã é a alegar que Deus é um, mas que, ao mesmo tempo são três pessoas,
cada uma com a sua personalidade. No entanto não conseguimos ver com tanta
clareza essa doutrina nas sagradas escrituras.
A
unidade de Deus
A religião dos antigos hebreus
era uma fé rigorosamente monoteísta, pois naquela época existiam muitos deuses.
Os hebreus diferentes dos outros povos não renderam adoração apenas a um único
Deus formando assim a fé monoteísta (Adorar um único ser).
A
unidade de Deus foi revelada para os hebreus em muitas ocasiões e de diferentes
maneiras. Os Dez Mandamentos, por exemplo, começaram com a declaração: ”Eu sou o SENHOR, teu Deus, que tirei da
terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim”
(Êx 20.2,3).
O ensino
a respeito da de Deus não se restringe apenas no Antigo Testamento nos vemos
Jesus falar a respeito (Testemunho de Jesus sobre Deus, o Pai: Mt.
6:26, 30; 19:23-26; 27:46; Mc. 12:17, 24-27.). Não só Jesus fala a respeito,
mas também Deus (Testemunho de Deus sobre Jesus, Deus Filho: Sl. 45:6; 102:25;
110:1; Fp. 2:5-11; Hb. um.), e o Espírito Santo (Testemunho do Espírito Santo
como Deus: MT. 28:19; Jo. 3:8; 16:8-11; At.5:3, 4; 1Co.3:16,17; 12:4-11.).
A crença no único Deus, embora observe que isso é
insuficiente para a justificação. Paulo escreve quando discorre sobre a
ingestão de carne oferecida a ídolos “Assim que, quanto ao comer das coisas
sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há
outro Deus, senão um só” (1Co
8. 4-6). Aqui, Paulo, a semelha a lei mosaica, exclui a idolatria, baseado no
fato de existir um só Deus. Tiago meu também escreve falando da crença do único
Deus que até os demônios se estremecem.
A
deidade de Deus
Todos
esses indícios, tomados por si, com certeza nos levariam a uma crença
monoteísta. Que motivo, nesse caso, levou a igreja a ir alem dessas indicações?
Foi o testemunho bíblico complementar de que três pessoas com personalidades
“diferentes” são um único Deus.
Formulações
Históricas
Durante
os dois primeiros séculos depois de Cristo, houve pouco esforço consciente de
lutar com as questões teológicas e filosóficas do que hoje entendemos por
doutrina da trindade. Pensadores com Justino e Taciano destacaram a unidade da
essência entre a Palavra e o Pai, usando a figura da impossibilidade de separar
a luz da sua fonte, o sol. Dessa forma, ilustram que, embora a Palavra e o Pai
sejam distintos, não podem ser divididos ou separados.
O
monarquismo dinâmico
No final do século II e no século III, houve duas
tentativas de elaborar uma definição precisa do relacionamento entre Cristo e
Deus. As duas concepções são tratadas por monarquismo, uma vez que destacam a
singularidade e a unidade de Deus, mas apenas a última reivindicou essa
designação para si. O monarquismo dinâmico sustentava que Deus estava
dinamicamente na vida de Jesus “homem”.
Havia uma obra ou força de Deus que atuava sobre, em ou por meio de Jesus
homem, mas não havia uma presença real de Deus nele.
O monarquista Teódoto, asseverava que, antes do
batismo, Jesus era um homem comum, embora completamente virtuoso. Essa idéia de monarquismo dinâmico nunca
chegaram a se difundir.
O
monarquismo modalista
Em contraste, o monarquismo modalista era um ensino
popular, muito difundido. Enquanto o monarquismo dinâmico parecia negar a
doutrina da Trindade, o modalismo parecia negar a doutrina da Trindade, o
modalismo parecia afirmá-la. Ambas as variedades do monarquismo desejavam
preservar a doutrina da unidade de Deus. O modalismo porém, também se devota
profundamente à plena divindade de Jesus.
A
formulação ortodoxa
A doutrina
da Trindade foi enunciada em uma série de debate e concílios, em geral parte,
causada pelas partes da controvérsias provocadas por movimentos tais como
monarquismo e o arianismo. Foi Concílio de Constantinopla (381) que emergiu uma formulação definitiva em que
a igreja explicitou as crenças que estavam implícitas. A concepção que
prevaleceu foi basicamente a de Atanásio (293-373), conforme a elaborada e
aperfeiçoada pelos teólogos capadócios.
Os
capadócios Basílio, Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa. Tentaram expor os
conceitos da substancia comum das pessoas múltiplas distintas usando a analogia
de um universal e seus particulares as pessoas da Trindade estão para a
substância divina, assim como os homens estão para o homem universal (ou a
humanidade).
É evidente que a fórmula ortodoxa defende a
doutrina da Trindade contra o perigo do modalismo. Mas será que o fez à custa de cair no erro
oposto—o triterismo? Na superfície, o
perigo parece considerável. Dois pontos foram, no entanto, levantados para resguardar a doutrina da Trindade do
triteismo.
Em primeiro
lugar, observou-se que se pudermos encontrar uma única atividade do Pai, do
Filho e do Espírito Santo, o qual, de maneira nenhuma, seja diferente em alguma
das três pessoas, precisamos concluir que existe o envolvimento de apenas uma
substância idêntica. A revelação origina-se no Pai, procede por meio do Filho e
é completada no Espírito. Também insistiam na indivisibilidade da substância
divina.
Em segundo
lugar, houve uma instancia na concretitude e na indivisibilidade da substância
divina. Muito da critica contra a doutrina da capadócia da Trindade centrava-se
na analogia de um universal que se manifesta em particulares. Para evitar a
conclusão de que há uma multiplicidade de deuses dentro da Deidade, assim como
há multiplicidade de seres humanos Gregório de Nissa afirmou que, no sentido
estriro, não devemos falar de uma multiplicidade de seres humanos, mas de uma
multiplicidade de um ser humano.
Elementos
essenciais de uma doutrina da Trindade
1) Deus é um e não vários;
2) A deidade das três pessoas deve ser salientada;
quanto à qualidade são iguais, divinos da mesma forma e medida;
3) A Trindade é eterna;
4) Deus é um, mas também três;
5) Há subordinação apenas e por vezes na função de
um dos membros da Trindade em relação a um ou aos dois membros; mas não há
inferioridade em essência;
6) A Trindade é incompreensível.
A
busca de analogias
O problema na formulação de um enunciado da doutrina
da Trindade não se limita à compreensão de sua terminologia. Isso já é bem
penoso; por exemplo, é difícil saber o que “pessoa” significa nesse contexto. A
inda mais difícil é compreender as relações internas entre os membros da
Trindade. A mente humana às vezes procura analogias para ajudá-lo nesse
intento. No nível popular, costuma-se utilizar analogias retiradas da natureza
física.
Mas, as inúmeras analogias e ilustrações tendem em
erros como o “Triteísmo” ou “Modalistas” em suas implicações. Agostinho, a
psicologia e outros, embora brilhantes, suas analogias também se mostraram
insuficientes. Para resolver esse mistério e necessário levar em consideração o
dito de Augustus Strong – “inescrutável”. Portanto, para todos os fins devemos
adorar, orar e cultuar as três pessoas da Trindade e se apegar ao que já foi
dito por alguém:
“Tente explicá-la, e perderá a cabeça;
Mas tente negá-la, e perderá a alma”.
A Pessoa do Espírito
Santo
A
importância da doutrina do Espírito Santo
Há vários motivos pelos quais o estudo do Espírito
Santo é especialmente significativo para nós. Um deles é que o Espírito Santo é
o ponto em que a Trindade torna-se pessoal para o que crê.
Dificuldades
na compreensão do Espírito Santo
Embora o estudo do Espírito Santo seja especialmente
importante, nossa compreensão é em geral mais incompleta e confusão nesse ponto
que na maioria das outras doutrinas. Um dos motivos para isso é que temos na
Bíblia menos revelações explicitas acerca do Espírito Santo consiste em
proclamar e glorificar o Filho (Jo 16.14). Em contraste com outras doutrinas,
não há discussões sistemáticas acerca do Espírito Santo. Na prática a única
discussão ampla é o discurso de Jesus em João
14—16. Na maior parte das ocasiões em que o Espírito Santo é mencionado, ele
está relacionado a outro assunto. Para complicar, há uma terminologia infeliz
da King James e de outras traduções inglesas mais antigas que se referem ao
Espírito Santo como o “Holy Ghost” (Fantasma Santo) muitas pessoas que
cresceram usando essas versões da Bíblia entendem
o Espírito Santo como alguma coisa por baixo de um lençol branco.
A natureza do Espírito
Santo
A
divindade do Espírito Santo
Agora precisamos examinar de perto a natureza do Espírito
Santo. Começamos com sua divindade. A divindade do Espírito Santo não se
estabelece com tanta facilidade quanto a do Pai e a do Filho. Existem, porem, algumas
bases pelas quais podemos concluir o Espírito Santo é Deus nos moldes e no
mesmos moldes e no grau do Pai e do Filho.
Em primeiro lugar, devemos notar que as várias
referências ao Espírito Santo são intercambiáveis com referências a Deus. Um
exemplo notável é encontrado em Atos 5.
Ananias e Safira haviam vendido uma propriedade, e levado aos pés dos
apóstolos, mas Ananias mentiu dizendo a respeito da propriedade que teria
vendido por um valor só que levou um valor menor então disse Pedro “Ananias, por que encheu Satanás teu coração,
para que mentisse ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?”
(v.3). No versículo seguinte ele afirma: “Não
mentiste aos homens, mas a Deus”. Parece que, na mente de Pedro, “mentir ao
Espírito Santo” e “mentir a Deus” eram expressões intercambiáveis.
Alem disso, o Espírito Santo os atributos ou as
qualidades de Deus. Um deles é a onisciência. Paulo escreve em 1Coríntios
2.10-11: “...porque o Espírito a todas as cousas perscruta, até mesmo as
profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe cousas do homem, senão o seu
próprio espírito, que nele está? Assim, também as cousas de Deus, ninguém as
conhece, senão o Espírito de Deus”
A
personalidade do Espírito Santo
Além da divindade do Espírito Santo, é importante
também notarmos sua personalidade. Não estamos lidando aqui com uma força
impessoal. Esse ponto é especialmente importante numa época em que tendências
panteístas estão entrando em nossa cultura por influência das religiões
orientais. A Bíblia deixa bem claro que o Espírito Santo é uma pessoa e possui
todas as qualidades inerentes a isso.
A primeira prova é que Jesus nos da que o Espírito é
chamado de ” Espírito da verdade”
(Jo.16.13)
A segunda prova da personalidade do Espírito
Santo é que Ele é chamado
de “Consolador” (Jo.15.26)
O Espírito Santo também pode ser afetado como
acontece com as pessoas, demonstrando-se passivamente, assim, sua
personalidade. Paulo fala dos pecados de
entristecer o Espírito (Ef.4.30) e de apagar o Espírito (1Ts. 5.19).
Todas essas considerações levam a uma conclusão. O
Espírito Santo é uma pessoa, não uma força, e tal pessoa é Deus, na mesma
dimensão e da mesma forma que o Pai e o Filho.
A Obra do Espírito
Santo
A obra do Espírito Santo é de especial interesse
para os cristãos, pois é particularmente por seu trabalho que Deus se envolve
de forma pessoal e atua na vida do crente.
A
obra do Espírito Santo no Antigo Testamento
Muitas vezes é difícil identificar o Espírito Santo
dentro do Antigo Testamento, pois
este reflete os primeiros estágios da revelação progressiva. Aliás, o termo
“Espírito Santo” é raramente empregado nele. A expressão usual é “ Espírito de
Deus”. A maioria das referências do Antigo
Testamento à Terceira Pessoa da Trindade consiste nos dois nomes: Espírito e Deus.
Uma das mais proeminentes dessas passagens que faz o
paralelo com os dois Testamentos é quando Pedro explica o que tivera acontecido
no dia de Pentecostes (At.216—21). Na ocasião Pedro nos leva até o profeta
Joel, e diz que foi o cumprimento da profecia “Recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo” (Jl.2.28). é o mesmo Espírito Santo (At.2:16-21).
Vemos, contudo, no Antigo Testamento,
sua área de atuação na criação (Gn.1:2); na obra contínua na criação de Deus
(Jó.26:13); na transmissão das profecias e das Escrituras (Ez.2:2; cf. Ez.8:3;
11:1,24; 2Pe.1:21); na transmissão de certas habilidades para várias tarefas
(Êx.31:3-5); na administração (Jz.6:34).
A
obra do Espírito Santo na vida de Jesus
Quando examinamos a vida de Jesus, descobrimos uma
presença e atividade maciça e poderosa do Espírito Santo em toda extensão.
Mesmo o próprio início de sua existência encarnada foi obra do Espírito Santo.
Veja as referencias Bíblicas (Is.7.14; Lc.1.35; Is.42.1—4; 61. 1—2; Lc.
4.17—19; At.10.38; Mc.1.8. etc..)
A obra do Espírito Santo na vida do cristão
No ensinamento de Jesus encontramos uma ênfase
especialmente forte na obra do Espírito Santo na introdução das pessoas na vida
cristã. Jesus ensinou que a atividade do Espírito é essencial tanto na
conversão, que é o início da vida cristã a partir de nossa perspectiva, quanto
a regeneração, que é o início, da perspectiva com Deus. A conversão é a volta
do homem a Deus, isso consiste em um elemento positivo e negativo:
arrependimento, ou seja, abandonar o pecado.
A regeneração e a transformação miraculosa do homem
e a instalação da energia espiritual. Jesus deixou bem claro a Nicodemos que a
regeneração, que é essencial para sermos aceitos pelo Pai, é um acontecimento
sobrenatural, e o Espírito Santo é o agente que produz (Jo.3.5,6).
“Somos
iniciados na vida cristã pela atuação do Espírito em nossa conversão e
regeneração”
Os dons do Espírito
Romanos 12.6-8. profecia,
ministério,ensino,exortação, contribuição, liderança e misericórdia.
I Coríntios 12.4-11. sabedoria, conhecimento, fé, cura,
operação de milagres, profecia, discernimento de espíritos, variedade de
línguas e interpretação de línguas.
Efésios 4.11.
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres.
I Pedro 4.11.
falar e servir.
É também importante neste ponto notar algumas
observações feitas por Paulo.
1- Os
dons são concedidos para o corpo, a igreja (12.7;14.5,12)
2- Nenhuma
pessoa, sozinha, possui todos os dons (12.14-21)
3- Embora
não sejam igualmente notáveis, todos os dons são importantes (12.22-26)
4- O
Espírito Santo distribui os vários dons a quem lhe apraz (12.11)
Os dons miraculosos hoje
Também conhecidos como notáveis, especiais, de
sinais ou carismáticos, que embora atraiam muita atenção, são também motivo de
muitas controvérsias. Ex.: Cura pela fé; exorcismo; glossolália.
A controvérsia é se o Espírito Santo ainda dispensa
em nossos dias esses dons a Igreja. Se positivo, cada cristão pode e deve
receber e exercer algum deles? Durante os períodos da história, não obstante, a
questão do Espírito Santo tenha tido pouca ênfase, surgiram, todavia, alguns
movimentos.
1) Os montanistas (Montano) na metade do séc. II;
2) Séc. XX surtos de glossolalia na Carolina do
Norte, Topeka e Kansas;
3) Pentecostalismo, sem dúvidas, o mais notável,
iniciado por um negro chamado William J. Seymour, em uma antiga igreja
metodista na Rua Azuza, 312 Los Angeles. Daí e em especial na Escandinávia e em
países do terceiro mundo e na América Latina, o pentecostalismo ganhou força e continua poderosamente até hoje.
O que se conclui é: “Ser cheio do Espírito não é
tanto uma questão de obter mais do Espírito, mas de Ele possuir uma fatia maior
de nossa vida”.
Implicações Espírito Santo
1- É
o Espírito Santo que nos concede os dons que possuímos;
2-
Ele fortalece-nos na vida e no serviço
cristão;
3-
Ele é sábio e soberano ao dispensar seus
dons à igreja;
4-
Ninguém possui todos os dons e nenhum
dos dons é para todos;
5-
Ele nos dará conhecimento da vontade de
Deus e entendimento de sua palavra;
6-
É correto orarmos e agradecermos a Ele
por sua obra singular que realiza em nós.
Referências Bibliográficas
ERICKSON,
J. Millard. Introdução à Teologia
Sistemática. Ed. Vida Nova. São Paulo, 2007.
Por: Wellington Fernandes Soares